A educação vai além da simples transmissão de conteúdos escolares. Ela é também um espaço de construção de identidade, pertencimento e valorização das diversas formas de conhecimento que compõem a vida dos estudantes. No contexto das escolas do campo multisseriadas, essa realidade se torna ainda mais evidente, pois esses espaços de ensino estão inseridos em comunidades ricas em tradições, saberes e expressões culturais.
A valorização do repertório cultural nessas escolas é essencial para garantir uma educação que dialoga com a realidade dos alunos, respeitando e fortalecendo suas identidades. Mas o que exatamente significa repertório cultural e por que ele é tão importante na formação dos estudantes?
O Que é Repertório Cultural e Por Que Ele é Essencial na Educação?
O conceito de repertório cultural está diretamente ligado ao conjunto de conhecimentos, experiências e referências artísticas e culturais que um indivíduo construiu ao longo da vida. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a ampliação do repertório cultural dos estudantes é um dos pilares fundamentais da educação, permitindo que eles reconheçam e apreciem diferentes manifestações culturais, tanto locais quanto globais.
Na educação do campo, a valorização do repertório cultural é um caminho para fortalecer a identidade dos alunos, resgatar tradições e evitar a descaracterização das comunidades rurais. Quando a escola regularmente e incorpora saberes locais – como músicas, danças, festas, artesanato e literatura oral – ao seu ensino, ela contribui para que os estudantes se sintam pertencentes e protagonistas de sua cultura.
Além disso, ao se conectar com a realidade dos alunos, a escola melhora o engajamento e o interesse pelo aprendizado, tornando-o mais significativo e prazeroso. A arte e a cultura deixam de ser apenas conteúdos isolados e passam a ser ferramentas de ensino que dialogam com a vivência dos estudantes, promovendo uma aprendizagem mais autêntica.
O Papel da Valorização das Manifestações Artísticas e Culturais na Formação dos Estudantes
Ao integrar as manifestações artísticas e culturais ao ensino, a escola do campo se torna um espaço de resistência e fortalecimento da identidade dos estudantes. A música regional, as danças tradicionais, os contos populares, as festas comunitárias e outras expressões artísticas são mais do que simples entretenimento: são formas de conhecimento que ensinam sobre a história, os valores e a visão do mundo de uma comunidade.
Quando os estudantes veem sua cultura representada e valorizada na escola, eles se sentem parte do processo educativo. Esse reconhecimento fortalece o vínculo entre escola e comunidade, estimula o protagonismo dos alunos e gera um impacto positivo no aprendizado. Além disso, ao entrar em contato com diferentes manifestações culturais, os estudantes ampliam sua visão de mundo e desenvolvem respeito pela diversidade, aprendendo a importância e valorizando tanto suas raízes quanto outras culturas.
Por isso, a escola do campo multisseriada tem um papel essencial na preservação e promoção do repertório cultural. Mais do que ensinar conteúdos acadêmicos, ela deve atuar como um espaço de celebração das tradições, incentivando os alunos a conhecê-los, respeitá-los e darem continuidade às riquezas culturais que fazem parte de sua história.
Investir na valorização das manifestações artísticas e culturais nas escolas do campo é, portanto, um caminho para tornar a educação mais significativa, inclusiva e conectada com a realidade dos estudantes. Esse processo não apenas fortalece a identidade cultural das comunidades rurais, mas também contribui para a formação de cidadãos críticos, sensíveis e conscientes do valor de sua herança cultural.
O Que é Repertório Cultural e Por Que Ele é Essencial na Educação?
A educação não se limita à transmissão de conteúdos acadêmicos. Ela deve possibilitar que os alunos desenvolvam sua identidade, reconheçam suas origens e compreendam a riqueza da diversidade cultural. Nesse contexto, o repertório cultural tem um papel fundamental, pois amplia o conhecimento dos estudantes sobre as diferentes expressões artísticas e culturais, conectando-os ao mundo e à própria comunidade.
Mas, afinal, o que significa repertório cultural e por que ele é essencial na formação dos alunos, especialmente nas escolas do campo multisseriadas?
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define o repertório cultural como um dos dez direitos de aprendizagem essenciais para a formação integral dos estudantes. Segundo o documento, o desenvolvimento do repertório cultural envolve a vivência, a apreciação e a compreensão de diferentes manifestações artísticas e culturais, permitindo que os alunos se conectem tanto com suas próprias tradições quanto com culturas diversas.
O objetivo da BNCC é garantir que os estudantes tenham acesso a um aprendizado que vá além do conteúdo tradicional e que inclua experiências que valorizem e ampliem sua visão de mundo. No caso das escolas do campo, essa diretriz é ainda mais importante, pois essas instituições estão inseridas em comunidades ricas em tradições orais, festividades, músicas, danças e artesanatos que fazem parte da identidade local.
Ao incentivar a valorização e a frutificação dessas manifestações culturais, a escola não apenas cumpre seu papel pedagógico, mas também contribui para a preservação do patrimônio cultural das comunidades rurais, fortalecendo os laços entre gerações e promovendo uma educação mais contextualizada e significativa.
O Repertório Cultural Como Ferramenta de Identidade e Pertencimento
A construção da identidade é um processo contínuo que ocorre desde a infância e é influenciado pelo meio em que a criança está inserida. Para os alunos do campo, reconhecer-se na cultura local e sentir que sua história é valorizada na escola são fatores essenciais para o desenvolvimento do senso de pertencimento.
Quando a escola trabalha com elementos culturais próximos à realidade dos alunos, ela fortalece sua autoestima e cria um ambiente onde se sentem representados. O contato com histórias, músicas, danças e fantasias locais permite que os estudantes percebam o valor de sua herança cultural e se sintam parte de uma comunidade rica em saberes.
Além disso, o repertório cultural não deve se limitar à valorização do passado. Ele precisa ser ampliado, conectando os estudantes a novas referências culturais e permitindo que eles desenvolvam um olhar crítico e sensível sobre diferentes formas de expressão artística. Dessa forma, os alunos se tornam capazes de compreender tanto suas próprias raízes quanto a diversidade cultural existente no mundo.
A Relação Entre Cultura, Arte e Aprendizagem Significativa
A arte e a cultura são instrumentos poderosos para tornar a aprendizagem mais envolvente e significativa. Quando a escola utiliza manifestações culturais no ensino, ela cria um ambiente de aprendizado dinâmico, despertando o interesse e a criatividade dos estudantes.
Nas escolas do campo multisseriadas, onde alunos de diferentes idades agrupadas no mesmo espaço, a arte pode ser um ponto de conexão entre as turmas. A contação de histórias, as rodas de música, a produção de artesanato e as danças típicas são formas de aprendizagem que promovem a integração e permitem que os alunos ensinem e aprendam entre si.
Além disso, a cultura e a arte não apenas enriquecem o ensino, mas também são aprimoradas para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, cooperação e respeito à diversidade. Ao se envolverem com diferentes formas de expressão, os estudantes desenvolvem um olhar mais sensível para o mundo e aprendem a valorizar a riqueza das diferenças culturais.
Impactos da Valorização Cultural na Educação do Campo
A valorização das manifestações culturais no ambiente escolar não é apenas uma estratégia pedagógica, mas um caminho essencial para fortalecer a identidade dos alunos, tornar a aprendizagem mais significativa e aproximar a escola da comunidade. No contexto das escolas do campo multisseriadas, essa valorização ganha ainda mais relevância, pois garante que as tradições e os saberes locais sejam reconhecidos e divulgados para as novas gerações.
A seguir, exploramos os principais impactos positivos que a valorização do repertório cultural pode trazer para a educação do campo.
Fortalecimento da Identidade dos Alunos e da Comunidade Escolar
A identidade cultural de um indivíduo é construída a partir de suas vivências, referências e pertencimento a um grupo social. Quando a escola reconhece e valoriza a cultura local, os estudantes se sentem respeitados e representados, o que fortalece sua autoestima e identidade.
Muitas vezes, a cultura urbana é colocada como referência principal nos materiais didáticos e no currículo escolar, o que pode fazer com que os alunos do campo sintam que sua própria cultura tem menor valor. Esse distanciamento pode gerar desinteresse e até mesmo evasão escolar. No entanto, quando a escola incorpora manifestações artísticas, festas tradicionais, histórias locais e saberes populares ao ensino, ela reforça o orgulho dos estudantes pela sua origem e cultura.
Além disso, essa valorização não se restringe apenas aos alunos. Toda a comunidade escolar – incluindo professores, funcionários e famílias – se beneficia ao perceber que a escola é um espaço que respeita e fortalece a identidade coletiva. Dessa forma, crie-se um ambiente mais acolhedor e conectado à realidade dos estudantes.
Aprendizagem Mais Significativa e Contextualizada
A aprendizagem torna-se mais significativa quando os conteúdos ensinados fazem sentido para os alunos e se relacionam com suas experiências de vida. Nas escolas do campo, muitas disciplinas podem ser enriquecidas com elementos da cultura local, tornando o ensino mais contextualizado.
Por exemplo, a matemática pode ser ensinada com base em medidas usadas na agricultura familiar; a língua portuguesa pode explorar contos e lendas locais; a geografia pode abordar a relação das comunidades com a terra e o meio ambiente; e a história pode incluir narrativas dos mais velhos sobre a origem da comunidade.
Quando os estudantes percebem que o conhecimento acadêmico está ligado ao seu dia a dia, eles se envolvem mais no aprendizado e desenvolvem um olhar crítico sobre sua própria realidade. Além disso, esse tipo de abordagem fortalece a valorização dos saberes locais, demonstrando que a cultura do campo tem tanto valor quanto qualquer outra.
Maior Engajamento dos Estudantes e das Famílias no Processo Educativo
A valorização cultural na escola não apenas melhorou a relação dos alunos com o aprendizado, mas também aproximou as famílias do processo educativo. Quando as manifestações culturais da comunidade são internas à escola, os pais e avós são convidados a participar, compartilhando seus conhecimentos e experiências.
Eventos como feiras culturais, rodas de conversa com mestres da cultura popular, oficinas de artesanato e festivais de música e dança são oportunidades para que os membros da comunidade compartilhem seu saber com as novas gerações. Esse tipo de interação fortalece os laços entre escola e comunidade, promovendo um ambiente de cooperação e pertencimento.
Além disso, quando as famílias percebem que a escola valoriza a cultura local, elas se tornam mais engajadas e participativas, contribuindo para a permanência dos alunos na escola e para um ambiente de aprendizado mais rico e colaborativo.
Contribuição para a Preservação do Patrimônio Cultural das Comunidades Rurais
Muitas manifestações culturais tradicionais estão em risco de desaparecimento devido à migração para os centros urbanos, à influência da mídia e à falta de transmissão desses saberes para as novas gerações. As escolas do campo desempenham um papel fundamental na preservação desse patrimônio cultural para garantir que ele seja valorizado e transmitido aos alunos.
Ao documentar histórias orais, ensinar músicas tradicionais, promover atividades ligadas à culinária típica e incentivar a prática de ofícios artesanais, a escola ajuda a manter vivas as tradições da comunidade. Além disso, o uso de tecnologias, como vídeos e podcasts, pode ser uma ferramenta para registrar e divulgar esses conhecimentos, tornando-os acessíveis para outras gerações.
Preservar o patrimônio cultural não significa apenas manter os costumes do passado, mas sim garantir que a cultura das comunidades rurais continue sendo uma fonte de conhecimento e inspiração para o futuro. Quando a escola se torna um espaço de valorização e fortalecimento dessas tradições, ela contribui não apenas para a formação dos alunos, mas também para a continuidade da cultura do campo.
Conclusão
A valorização do repertório cultural na educação do campo não é apenas uma estratégia pedagógica, mas uma necessidade para fortalecer a identidade dos estudantes, tornar a aprendizagem mais envolvente e promover a preservação do patrimônio cultural das comunidades rurais.
Ao integrar manifestações artísticas e culturais ao currículo escolar, a escola se transforma em um espaço de pertencimento, inclusão e valorização da diversidade. Com isso, os alunos desenvolvem mais interesse pelo aprendizado, as famílias se tornam mais participativas e toda a comunidade se fortalece.
Mais do que ensinar conteúdos acadêmicos, a escola tem o papel de formar cidadãos conscientes de sua história e cultura, garantindo que os saberes e tradições do campo continuem vivos e significativos para as futuras gerações.

Sou formada em Pedagogia e apaixonada por aprender e ensinar. Nasci e cresci em uma comunidade rural, o que me faz acreditar na importância da Educação do Campo Multisseriada. Meu objetivo é criar conteúdos que inspirem práticas pedagógicas significativas e inclusivas.